O advogado criminalista e influenciador digital João Neto, de 47 anos, conhecido nas redes sociais pelo bordão “no coco e no relógio”, foi preso em flagrante na segunda-feira (14) acusado de agredir sua companheira, uma mulher de 25 anos, em um apartamento no bairro de Jatiúca, em Maceió, Alagoas. Com mais de 2 milhões de seguidores no Instagram, Neto compartilhava análises jurídicas com humor, mas agora enfrenta sérias acusações de violência doméstica e lesão corporal, enquadradas na Lei Maria da Penha.
De acordo com o boletim de ocorrência, a vítima relatou que foi retirada à força do apartamento do casal e empurrada, caindo e sofrendo um corte profundo no queixo, que exigiu três pontos e atendimento hospitalar. Imagens de câmeras de segurança do prédio, amplamente divulgadas, mostram a mulher sangrando no hall do edifício enquanto João Neto pressiona um pano contra o ferimento. Segundo a vítima, que mantém um relacionamento com o advogado há cerca de dois anos, essa não foi a primeira agressão. Ela citou um episódio em outubro de 2024, quando sofreu ferimentos na cabeça e também precisou de cuidados médicos.
A prisão ocorreu durante a Operação Policial Litorânea Integrada (Oplit). Moradores do prédio acionaram a polícia após testemunharem o ocorrido. Inicialmente, Neto levou a vítima ao hospital, mas não foi encontrado na unidade de saúde. Policiais da Oplit localizaram o advogado nas proximidades, pilotando uma motocicleta sem placa e na contramão. Ao ser abordado, ele apresentou sua carteira da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), mas foi conduzido à Central de Flagrantes, onde os procedimentos legais foram realizados. A vítima, após receber atendimento médico, compareceu à delegacia para registrar a ocorrência formalmente.
João Neto se identifica como ex-militar da Polícia Militar da Bahia e mestre em Ciências Criminais. Em suas redes sociais, ele comentava casos de grande repercussão e respondia a dúvidas jurídicas de forma descontraída, o que o tornou uma figura popular. Em uma postagem de Ano Novo, Neto havia dedicado palavras à companheira, chamando-a de “namorida” e afirmando que ela e seus filhos eram sua “inspiração diária”. A contradição entre sua imagem pública e as acusações chocou seguidores e gerou repercussão nas redes.
A delegada Ana Luiza, coordenadora das Delegacias Especializadas no Atendimento à Mulher (Deams), determinou a instauração de um inquérito policial para investigar o caso. A vítima confirmou às autoridades que já havia sofrido agressões anteriores, reforçando a gravidade do incidente. A mulher, natural de Arapiraca, mudou-se para Maceió com a intenção de morar com Neto, mas o relacionamento, segundo ela, era marcado por episódios de violência.
Em nota publicada nas redes sociais do advogado, sua defesa informou que tomou ciência das acusações e que o caso será esclarecido durante a audiência de custódia, marcada para esta terça-feira (15). A equipe jurídica destacou que a audiência não é o momento adequado para discutir o mérito das acusações, mas não apresentou detalhes adicionais sobre a linha de defesa. Até o momento, João Neto permanece sob custódia da Polícia Civil, à disposição da Justiça.
O caso reacende o debate sobre violência doméstica no Brasil, especialmente envolvendo figuras públicas. A Ordem dos Advogados do Brasil em Alagoas ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso. Enquanto isso, nas redes sociais, o bordão que tornou João Neto famoso agora é associado à indignação de internautas, que cobram justiça e reflexão sobre o comportamento de influenciadores que projetam uma imagem de respeitabilidade.
A vítima, cujo nome não foi divulgado para preservar sua identidade, segue sob cuidados médicos e psicológicos. O desfecho do caso dependerá das investigações e da decisão judicial nas próximas etapas do processo.
